Algo em mim
Havia algo em mim,
algo notável
Que me dizia sim, ao criar
E desse marco inefável
Dizia sim, liberto embalar
E dos cânticos fiz emergir
A vontade inerte de saudar
Bondade pétrea vê surgir
Dos sentimentos puros brotar
E de todos em que
Se fez semente sol de outrora
Nostálgica nem sei porque
Calas tolo riso de agora
Irás ver o seu porvir
Brota da hera que é vencida
Que de tão vaga irá fluir
Do sobre salto da deusa perdida
Sagas! Iras! Cruz de pau !
Sangrou no ventre vencido
E em poder de mau grau
Sentiu o ventre cru e despido
Guerras, se foram duas
para que mais destruição
se queres vivas almas cruas
então ao poder dêem-se as mãos
Ó vagas lembranças de tal
Sagas do homem que riu
O joio e...
Partiu...
Por ser imortal
Despiu
O cálice cinzento
E sorrateiro
“peso ungüento”
Punho cego de algo
Ou algas de brilhos
Ou estribilhos
Saí de agora toda a vibração
Por gotas saudosas e quimeras
Em relvas das selvas do coração
Hasteiam-se as todas bandeiras
Manchadas por uma mágoa
Que ao mundo todo uno a de tua saga
Todas manchadas por uma mágoa
De risco, vermelho é sua saga
E o mar verde teu sangue tingiu
Caos e caos ao triste holocausto
Corpos boiando e castiçal exalto
E todas vidas mi’alma extinguiu
Bálsamos decassílabos que ruiu
Ponte de cristal que de tal leu
De fio de prumo que a bruma
Nó existiu...
Só de pão de ló
Que do pó
Brilhou o nó
Em espuma que é o leu
Que sucumbiu...
III
Creio em corpos solenes
De amalgamas em prismas
E em credos de sinas
Nóia, reios, amenas
Amendoeiras sorrateiras
Prateleiras de lírios
Inês e ígneos
Pungente lírio nó
Esfacela-me a carne
Que arde a cerne
E a epiderme
Que mau cerne
Homem só
De lírio nó
Insano pó
Humano...
IV
Ias ao desespero da ambigüidade
Fluir exalto ao solo em desatino
Bailar em sua castidade
Um tom certo em louco hino
Ias ver a transparência sincera
Fluir cânticos que a brisa tange
És tu mendigo ou menino?
Ígnea voz de longe range
Cáucaso milenar!Cristal de Busca!
Artículo pássaro de rapina
Tal como bruma, abruma a busca brusca
Perene ao carma que voa a loa e em sina
Inerte condição de procura injusta
Por buscas e sementes de agora
Crisálidas balsâmicas, metamórficas
Amoras...
E o véu que cobre o fel
Quão tão denso quanto o mel
Rol de crisóis que emana o âmbar
Cristal invalido que ruge
Por relvas de heras antigas
Margaridas esquecidas
Por outrem
Do outro pássaro
Que se foi
Também...
O joio calcou semente ao solo
E o ventre que calou
Confuso e tranqüilo
Semente fértil surgiu
Na hera
Que do joio fez morada segura
Tranqüilo joio e fértil
Amor de flor
Brotou e floriu
Virou pó...
O que é o joio e o que é o trigo,
é um umbigo que tenho nojo,
ou estou a toa na boca de loa...
Falando sobre vampiros
Olhos Urbanos alguém está sempre te olhando... Percorro a cidade com olhos urbanos. Vejo pessoas, que como zumbis, vagam de um lado para outro sem rumo. Presas ás suas vidas, procuram dar razão ao tempo fazendo algo que não gostam ou não queiram. Meus olhos parecem enxergar como um raio x o que pensam as pessoas. Meus olhos também parecem buscar algo além de uma rua ou uma passagem para um edifício por um jardim. Todos continuam a andar a esmo. Outro dia fui a uma livraria que vendia livros velhos. Um sebo. Não o do Messias que é mais famoso. Fui a um sebo de livros caros. Os livros estão caros e raros agora. Muitos podem ser impressos pela Internet. Alguns não existem mais. Os escritores foram embora. Morreram e deixaram livros velhos e mofados. Muitos com cheiro de fungos. Mas todos velhos e mofados. São apenas os livros que lembramos dos autores. Velhos e mofados. As pessoas buscavam algo ou algum autor que não sabem ainda. Olhavam títulos. Obras mofadas e tristes. Algumas em inglês
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