Criação Pictórica Biográfica (C.P.B)



 Criação

Marcel céu

Para sempre prossegue a estrada
Da porta onde brotou
E para longe se foi a estrada
E segui-la se puder, eu vou
Vou persegui-la com os pés machucados
Até em via maior se fazer
Onde as sendas e caminhos são mesclados
Aonde vou? Não sei dizer... (78)


 Você estava onde o sonho forte soprava...
E um pássaro, tu virou!
Brisa cega tenta nos dizer, o que os pássaros com suas orações tentaram nos mostrar e qual caminho tomar...



 O mergulho é inevitável! De repente, você se desliga do mundo e tudo passa a ser diferente. As pessoas, os seus objetos, a casa, a família, e tudo o que você sempre amou... 

De repente tudo é novo e abstrato. Você pensa diferente. Cada um cria o seu mundo aqui e o leva para lá. Cada um com a sua crença.

Sua mente é alimentada por uma fonte divina, se é que posso chamar de divina, e depois, os pensamentos são a energia para a mente.

Por isso nunca morremos, e somos eternos nas mentes de quem nos ama, mesmo depois da morte.

Participei nos anos de 1975 a 77 das minhas primeiras exposições em pequenas galerias de arte em Santos, especialmente no 1º Salão Jovem de Santos onde pude expor meus três trabalhos que são referencia temática dos meus livros até hoje: “Sorriso numa ponte de Cristal”, “Brincadeiras de uma espada colorida” e Crisálidas Balsâmicas”.
Todos os três quadros, tornaram-se temas para livros de contos já escritos nos dias de hoje, quase quarenta anos depois de pintados.

Assim que prestei o vestibular na Faculdade de Belas Artes  passei em 19º lugar, realizando a prova de línguas em Francês e a de aptidão artística desenhando uma mão vestindo uma luva, tinha que me mudar para São Paulo e começar uma nova vida.
Fui morar em uma pensão na Al. Ribeirão Preto no bairro do Paraiso, precisamente em um quarto com mais três pessoas: Um gaúcho, um mineiro, um paulista e eu, um santista. Quatro figuras e eu procurando emprego nas artes gráficas, profissão daquele momento na minha vida. Eu tinha experiência como past-up, arte finalista, ilustrador, diagramador, na qual me especializei depois. Também fazia lay outs de anúncios publicitários, retoque americano em fotografias, chegando a desenhar para máquinas de fliperama e embalagens de brinquedos.
 Fiz arte em toda parte.


Criei  “Os quadrinhos de Marcel” utilizando pequenos retalhos de madeira aglomerada onde colava retalhos de papel couche arrematados com tachinhas de latão e desenhados utilizando a técnica do pontilhismo. Com o trabalho pronto, consegui uma exposição na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, o Bunkyo, no bairro Liberdade. Mesmo bairro que depois acabei morando em uma pensão e trabalhando em um jornal japonês, como diagramador, substituindo uma diagramadora que estava para ter um bebê.

Firmei-me como diagramador quando trabalhei por mais de três anos na gráfica e editora Bandeirantes, na Vila Mariana, estabelecendo-me pela primeira vez no bairro do Jabaquara, já então casado e prestes a me formar em Artes Visuais na Fac. Belas Artes.


Trabalhei em ótimas editoras. Diagramei até lista telefônica e cheguei a trabalhar em três empresas ao mesmo tempo. Manhã na L., à tarde em uma agencia de publicidade e a noite em um jornal. Eu era fera e não tinha medo de enfrentar nenhum emprego e assumia trabalhos o tempo todo: diagramava revistas, fazia lay-outs, montava livros, ilustrava capas de livros, retocava fotos com aerógrafo.


O teatro era uma linguagem que eu também buscava, tinha impacto na mídia,  trabalhando com grandes dramaturgos da época. Plínio Marcos, Antunes Filho e malucos que faziam a cabeça daquela época, como: Rimbaud, Gustav Flaubert, Wiliam Blake, Jorge Mautner, na qual tive o prazer de conhecer, e confesso que fui influenciado pela sua literatura, nas mais de suas duas mil páginas.


O Rock progressivo da época de 70 me impregnou. Pink Floyd, Deep Purple, Yes, Genesis, Led Zeppelin, King Crinson, Tangerine Dreams, entre outros. Mas, o misticismo cresceu muito, principalmente depois do meu contato com a literatura de Herman Hesse, Jack Kerouac, Allen Ginsberg, me conduzindo a um pensar introspectivo e uma vontade louca de me descobrir  na estrada.


Desenvolvi uma técnica de Artes Plásticas que consistia em um fundo “aerografado”, depois utilizava a tinta a óleo, aquarela, lápis de cor para as nuances e sombras, tinta plástica e os brilhos, utilizava a velha purpurina. Às vezes colava algumas sucatas e peças de plástico que lembrassem algo infantil como pequenos broches.

Falando mais um pouco dos “quadrinhos de Marcel”:  Eram feitos de retalhos de madeiras que eu ia coletando pela rua, colava o papel couche nele, para depois pintar.
Eu também utilizava uma técnica mista, e a utilizo ainda, que consistia em: personagens estilizados que se movimentavam ao vento, figuras esguias e borboletas com espadas, brilhos, pingos, tintas plásticas coloridas, e as minhas famosas cantoneiras, que traziam uma peculiaridade aos quadrinhos. Depois, pregava uma tacha de latão em cada canto fixando um pedaço de acetato que dava o acabamento aos “quadrinhos de Marcel”. Também tive uma fase da vida de artista, na qual você se torna um “maldito”, e como a palavra diz: Boa coisa é que você não fez e deixou de fazer. Perde-se muito. Mas a sorte nunca abandona o artista. E com ela, acabei arrumando um emprego como diagramador, minha boa e velha profissão, perto da pensão onde morava. Indo a pé ao trabalho.


O dono da antiga pensão tinha me expulsado por falta de pagamento e então fui morar na editora, assim que ela se mudou para uma nova rua no bairro da Aclimação, bem ao lado do Parque. Trabalhei de zelador nos fins de semana na casa e como diagramador nos dias úteis.


Retomei a fazer minhas esculturas nos fins de semana utilizando a argila e a pedra sabão. Técnicas aprendidas durante a Faculdade de Belas Artes, já no final do curso de licenciatura plena.


No final de semana, todos os Chefes iam viajar e eu não. Mesmo tendo ainda meus vínculos maternais em Santos, eu tinha que ficar, mesmo quando batia aquela depressão.  A solidão do homem é a ideia para o capeta trabalhar na mente. E foi assim que acabei por “alugar” a casa aos fins de semana, geralmente no sábado à noite, para festas de amigos e artistas, regadas a muita bebida, mulheres, amanhecendo o dia de sábado, encerrando as festas somente quando a policia chegava. Fiz isso por quase dois anos consecutivos e ganhei um bom dinheiro.
Mas, um dia, o dono da editora chegou mais cedo e encontrou no seu quarto, camisinhas usadas, “bitucas” de cigarro, calcinhas e duas mulheres na cama dormindo e roncando, além de um entra e sai no portão.
 Bom, fui demitido, né!




Fui morar com um grupo de artistas no bairro da Vila Mariana onde aprimorei meus dotes como grafiteiro, músico, bonequeiro, e artista plástico. Eu já fazia minha Pós Graduação na Fac. Marcelo Tupinambá, onde pude desenvolver habilidades como tenor e ator de teatro, participando de diversas encenações como; Velhos Marinheiros, Eu te Amo, e Tules, uma visão performática. Desenvolvi minhas habilidades de cenógrafo, já despertadas quando estagiei na TV e viajei pelo Brasil encenando e curtindo muito. Também fizemos várias apresentações da Paixão de Cristo segundo Almeida Prado, obra cantada e encenada com música ao vivo. Participei também de montagens do Diretor Ebran Filho que por coincidência morava no apartamento.

Com esse grupo de artistas do apartamento, compartilhávamos aprendizados. Teatro, música, confecção de bonecos de espuma, artes plásticas e culinária.


Fazíamos  bonecos de espuma e criamos um grupo de animação chamado “Saca o Riso”. 
Todo fim de semana estávamos em turnê pelo interior de São Paulo com apresentações.
Eu também pintava murais e grafitava antes de virar moda nos Bares da região e escolas particulares. Ensaiávamos músicas e eu ainda tinha “trampo”, (como se dizia na época) em São Paulo, mas sempre arrumava apresentações no litoral, em Santos.



Como o dinheiro acabava logo porque éramos muitos, resolvemos montar uma estamparia no apartamento, que tinha quatro quartos e mais um de empregada no fundo.
Com a estamparia a todo vapor e os adesivos saindo de montão, camisetas, criação e encenação do teatro de bonecos do grupo musical que se formou, gente entrando e saindo e muito dinheiro envolvido, é claro, veio a discórdia, a ganancia e cada um acabou procurando o seu caminho.


Sobrou pra mim e mais dois amigos para segurar a “bronca” daquele apartamentão, quando então, chegou a  hora de pular do barco e deixar a onda me levar, seja lá onde  for,  sempre com muito, com muito amor.

E foi com amor que arrumei uma namorada, de uma forma meio estranha. É que quando é pra ser, tem que ser. Parece que somos cartas marcadas, e tudo foi assim:

Estava eu no terminal Jabaquara trajando uma roupa nada chamativa. Uma calça vermelha e uma camisa amarela ouro, conversando com um fotógrafo amigo meu, também prestes a subir no ônibus em direção à Baixada Santista. Uma pessoa me olhava na janela de um ônibus anterior ao do meu horário. Eu gesticulava muito, chamando a sua atenção. Despedi-me, fui até o local de embarque e embarquei, por sugestão do motorista, em um ônibus no horário anterior ao meu. Um antes, mas, o dela.

... ultrapassei uma senhora, na maior falta de educação, com o ônibus vazio e sentei-me ao lado desta pessoa.  Morena linda, a mesma que não parava de me olhar desde a hora que cheguei ao terminal, até que, pelo  destino, sentei ao seu lado, conversando com ela até marcar um encontro na fonte do Boqueirão, em Santos.
No dia 17 de Dezembro de 2016, fizemos 30 anos de casado, entre brigas e acertos como todo casal, com uma filha e dois lindos netos...


Fomos morar no bairro de Santa Cecília, a padroeira dos músicos, e por lá ficamos por mais dois anos. O metrô Marechal Deodoro estava sendo construído e fazia um barulho imenso na época, e eu não conseguia dormir.
Nesta época eu estava para lançar o meu primeiro livro intitulado: “Além da Criação”.
 Ele foi lançado no Centro Cultural São Paulo, no dia 07/ 07/ 1987, ás 7 horas da noite, com o patrocínio da M. Chandon, que forneceu três caixas de champanhe da melhor qualidade, deixando todo mundo bêbado, vendendo mais de 300 exemplares na ocasião, relançando-o na Bienal do Livro de Santos pela U.B.E. (União Brasileira dos Escritores), vendendo também mais de 200 livros. E a partir daí, não parei mais de vender, e hoje, quase trinta anos depois, só tenho alguns poucos exemplares, guardados na casa de praia que temos em Boraceia.



Como diagramador, é claro, fiz toda a produção do meu livro, montagem do fotolito, das artes, das capitulares, montagem nas chapas que ganhei, da revisão do “linotipo”, que é uma máquina de composição invertida que digita linha por linha que é montada em uma página de chumbo onde se tira uma prova em papel,  é corrigida, e depois finalizada em  acetato, pronto para a montagem na chapa, queimar e imprimir.
Foram 52 laudas, 67 toques por linha, no total de 13.950 toques por lauda / 1.200 toque (média/lauda) – paginação: 14 x 21 o formato e a mancha 34 x 24, o que dá 1 pg. Com 2.920 toques = 40 linhas. 72 caracteres para corpo 10 entrelinha 11, fonte 1503 (times) condensado 15%, dando 187 paginas no livro em R.C. Invertido. São 12 cadernos 1 x 1, capa a quatro cores, com acabamento em lombada quadrada, costurado e colado, impresso em papel offset 80 gramas, e a capa em papel offset 180 gramas, plastificado. Foram usadas 4.125 folhas (papel 66x96), chapa; 1040 x 1270 originando 16 chapas pré gravadas. Foram 1.350 livros pagos pelo meu próprio bolso, cadastrado na Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil, com o CDD-869.935 – 1. Contos: Século 20: Literatura Brasileira.


Com a grana da venda dos livros decidi abrir uma editora. Convidei  outro autor, ainda mais desconhecido do que eu para tocar o projeto. Não registramos nada, e simplesmente abrimos junto com uma gráfica.
Logo pintou um autor que tinha uma grana boa e queria editar um livro. O cara era bem misterioso e se dizia enviado dos Jardineiros do Universo. Nessa época eu ainda fazia uns “bicos” em um jornal japonês e consegui uma boa divulgação do livro.
Mas o tema era “mambembe” e era loucura falar de extraterrestres naquela época. E eu ficava maluco ao ver minha editora cair no descrédito com esse tema.
Mas dinheiro era dinheiro, e eu comecei fazendo palestras sobre os “Jardineiros do Universo” em cidades do interior, sendo que em uma, fomos quase que linchados.
Fechei a editora porque meu sócio contrabandeava Whisky do Paraguai.

 De volta às artes gráficas consegui produzir a segunda edição do meu segundo livro intitulado; “Remanso Madrugada”, todo feito de Xerox e repleto de desenhos e alguns textos recortados do livro anterior.
Acho que fiz uns 400 exemplares e saia vendendo por aí, e todo mundo comprava. Às vezes eu vendia os dois livros por um preço só. Em todo evento , seja show, sarau, Bienal, lá estava eu. Mas, uma vez, em uma Bienal do Livro eu encontrei o amigo, hoje falecido, Plinio Marcos que me falou:
 “De novo com esse livro, Marcel céu?” Bom, eu não sou Plinio nem Marcos, sou Marcel céu...

Estava já casado quando participei de um Festival de Teatro conseguindo o premio de melhor sonoplastia com a peça: Vagos, viagens e encontros de R. Camargo. Nesta época, a esposa grávida, minha filha por vir, dedicava-me á pintura a óleo, pintando um quadro por semana, já flertando minha primeira individual de Artes Plásticas.
Fui pintando as várias fases da gravidez, desde a concepção, até o nascimento e o voo para um mundo novo, cheio de esperança e uma nova vida que se iniciava a partir daquele momento.
...uma linda princesinha nascia no dia 24 de abril de 88, na Maternidade Santa Joana, quando eu trabalhava na Gráfica Bandeirantes, empresa que tenho um grande respeito e agradecimento, por tudo que aprendi e sei sobre diagramação e paginação eletrônica.   
Em 1995 eu estava prestes a lançar o meu terceiro livro. A princípio o nome era: A iniciação na Era de Aquários, livro que foi solicitado por uma editora, que depois de pagar, assinar o contrato, o rescindiu.
Feito a revisão, paguei a digitação, diagramei e enviei prontinho, como sempre faço, para a editora. Mas tomei Chapéu. Foi a primeira vez que utilizei o pseudônimo de Marcel Enok, mas não vingou. Marcel céu, é leve, voa...
O livro retrata a iniciação do ser humano desde a sua criação. Em 2016 ele foi repaginado com uma linguagem atual e encontra-se no Amazon.com com o nome de “Aprender a Sonhar”. Quando o discípulo está pronto o mestre desaparece... (em breve o livro físico)

Naquela época eu trabalhava como Arte educador em um programa social da Secretaria da Criança como Ceramista. Trabalhava como educador para adolescentes e crianças na periferia de São Paulo e sei o quanto meu trabalho foi importante para eles.


Como ceramista, buscava nas matrizes vitrificadas conceitos inovadores na transformação do barro. Por isso, lembrar de todo o processo da evolução das artes na minha vida é gratificante e provido de reflexões.


Em 1994 terminei a pós graduação em Artes Visuais pela já extinta Fac. Marcelo Tupinambá, que ficava em frente à estação Ana Rosa do Metrô. Ela era especializada em música, o que me proporcionou estudar Musicoterapia para depois trabalhar em alguns casos com Altistas filhos de amigos meus, quando eu desenvolvi um instrumento musical para o tratamento, obtendo medalha de Bronze em concurso de musico terapeutas.
 Aos dezesseis anos comecei a questionar minha base religiosa, estruturada firmemente pela minha mãe, católica assídua.
Estudei  Gnose, fui membro  Rosa Cruz, estudei o Espiritismo, mas não me formei, e encontrei a Magia Divina, onde os caminhos  estendem-se até hoje. Vestia o branco toda a sexta feira, purificado para ver a áurea das pessoas. Contextualizava sempre, procurando miscigenar arte e religião. 

Marcou-me também, a ida da minha filha para estudar no Canadá.
 Isso foi em 2006, retornando em 2007.  Grávida do meu primeiro neto, direto para a casa do papai, onde nasceu e cresceu durante um ano, sob minhas asas...


Outro fato que me marcou para sempre foi minha ida para o Rio de Janeiro para ver os shows do Rock in Rio. O primeiro é claro. Isso foi em janeiro de 85. Eu tinha comprado cinco ingressos para os shows da quinta, sexta, sábado e domingo. Tenho ainda o ingresso de Domingo, encerrando com o  grupo inglês YES, lá pelas 3 horas da madrugada.
Na quinta feira tinha visto o Queen, com Fred Mercury a todo vapor. Na sexta feira, assim que o Ozzy entrou, uma imensa nuvem escura se posicionou em cima do palco. Ele entra e canta: “Mr. Crowley”... em sintonia com um grande trovão. Foi de arrepiar...

Com um turbilhão acontecendo em Santos em 78, acabei me aventurando em São Paulo e fui morar em uma casa ao lado da USP cheia de malucos. Todos formados ou estudantes disso ou daquilo, antenados, filósofos com um nível bem acima do meu, um mero desenhista gráfico arriscando ser poeta e gaitista.

Ouvia-se muito o som do Uriah Heep e lia-se a “Revolução dos Bichos” de George Orwell, em reuniões da “Convergência Socialista”.

Ali convivi com um dos maiores malucos de Santos, o "Mão de onça"! Maluco veterano descolado e antenado no Cosmos repleto de LSD que fermentava na sua mente.
Morreu atropelado em frente a rua Trabulsi na Ponta da Praia, local onde sempre frequentou, em Santos. Tiha tomado um ácido.

 Comparando a década de 78 como a de 97, quando eu morava na periferia de São Paulo, na Vila Remo, próximo ao Jardim Ângela, lugar violento, bocas de fumo em todo canto, até que eu aprendi a sobreviver em São Paulo.
Nesta época eu escrevia um livro que chamei de “O sétimo caminho” e gostaria de tê-lo lançado na Bienal do Livro de 1998, mas não consegui, não sei porque. Gostaria  de me tornar escritor como profissão, por isso eu retrato e escrevo toda a minha vida, todos os fatos e acontecimentos em uma sequencia de tempo e espaço real.
Nos anos 80, eu morava em uma pensão na Al. Ribeirão Preto, próximo à Av. Paulista. Um dos caras do quarto trabalhava em uma produtora de vídeos que fazia comerciais. Lembram-se daquele antigo comercial do orelhão derretendo? Produziram esse comercial e mais outro de Natal, cujo Peru, depois de hipnotizado, entrava em uma gigantesca panela de barro e uma tampa o fechava.
Um belo comercial de Natal.

O Peru do comercial
...o Peru acabou pernoitando lá na pensão, onde morávamos. Foi o maior barato! Uma semana com o Peru na pensão. Eu estudava na Fac. de Belas Artes e quando retornava a pensão, o Peru estava bêbado, jogando bola com meus colegas de quarto, também bêbados. Era o nosso amigo de todas as noites e fizemos até uma festa de despedida pra ele quando um dos moradores o levou para o seu sítio. A festa teve a presença do dono do bar e da pensão, que nos forneceu uma caixa de cerveja. Mas o fim do Peru vocês já sabem, né?
Quando entrei para a Fac. de Belas Artes em 19º lugar, fiz minha prova de línguas em Francês e a prova de aptidão artística, eu desenhei uma mão colocando uma luva toda rasgada na outra mão. Meu trabalho ficou exposto para toda a Faculdade ver.




Quando as portas da percepção estiverem limpas, tudo poderá ser como se é realmente, infinito...
Jim Morrison compreendeu ao ver a morte de um índio xamã que tomava peiote, que só assim, depois, descobriu a cura de sua tribo.
 Só quem percebe a alma do mundo, percebe que a sua está voando.
Quantos de vocês sabem que estão vivos? Seres de plástico dirigindo carros de vidros, cheio de escamas e devorando consciências de energia.



 Pobres cérebros! Pobres pessoas de plástico! A tribo guerreira pode expandir-se e contrair-se de acordo com sua atenção. Você pode abraçar a criação e ser um micro ponto concentrado, ser um pássaro expandido ou ser um grão de areia perdido numa praia inteira, para que o mar te leve, seja lá onde for. O micro e o macro.
Jim Morrison tem algo parecido comigo: sempre o último a sair e o primeiro a chegar. A noite me envolve, satura meu universo físico, com sóis e planetas, longínquas galáxias e tudo parece explodir. Por onde você passa, veja a matéria que o criador criou. Deleitando-se dos mundos que ele criou, o xamã é a prova desta existência. Ele sempre existiu e não tem passado, nem futuro, e passa de um mundo para outro atravessando a porta da percepção. O resto é ilusão, assim como carros e bonecas. Os homens encarnam personagens porque não podem ser eles mesmos. Para a alma nunca há nascimento ou morte, apenas um voo eterno. Calmo, mas eterno...



Para sempre prossegue a estrada
Da porta onde brotou
E para longe se foi a estrada
E segui-la se puder, eu vou
Vou persegui-la com os pés machucados
Até em via maior se fazer
Onde as sendas e caminhos são mesclados
Aonde vou? Não sei dizer... (78)


Procurei Deus e não o encontrei. Procurei a mim e não me achei. Procurei o próximo e encontrei os três. Nenhum ser humano é autossuficiente, todos nós precisamos dos outros para sermos nós mesmos.  (anônimo)


Gratos pela atenção...

Marcel céu


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